O Epic Swim foi uma ideia minha quando ainda trabalhava num outro local.
Depois de muitos anos a competir em natação e em triatlo, onde fiz mais de 200 partidas de aguas abertas e Triatlos, vi-me assim de repente sem desafios….. e quando me vejo parado, penso em fazer algo. A minha mãe queixava-se de bicho carpinteiro que me devia ter contagiado e que não me deixava nem deixa estar quieto.
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A outra empresa onde exerci funções, sediada a norte daqui tinha pouco interesse na terra do Al-Gharb, ou então estava muito atarefada com outras coisas. Então com a ideia de criar conteúdo e de apenas fazer exercício decido convidar dois amigos a fazer uma tirada de 5 km entre a praia do Barranco e a praia do Martinhal . Juntos íamos definir um novo marco de ideias que em 2024, já fez a sua terceira edição.
O Sjoerd D. o André C. e eu saímos de casa nessa manhã a saber que tínhamos um alerta de furacão ou de tempestade (Bernard) a entrar com ondas de SW de 4 a 6 metros e com períodos de 22 segundos. Ao chegar ao local uma chuvada enorme… das típicas Algarvias…..
Aqui nunca chove muito, mas chove em aguaceiros, ou “esgarrões” de no máximo meia hora….
– “Daqui a pouco já passa”….. e ao fim de 10 min….. pumba, SOL à bruta. Afinal ainda é o Algarve, mesmo no fim de outubro a Agua estava a 19 graus e tínhamos “solinho”.
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A entrada na agua estava assegurada pois começámos numa praia virada a sueste, mas,….. o período de 16 segundos já se sentia. Um familiar iria no kayak a apoiar e logo de inicio percebemos que iriamos ter uma ou outra chatice…. o kayak metia Agua (um sit on top) que tinha uma rachadela , e que mesmo reparada estava mal feita, o que fez com que tivesse de voltar para terra. O André voluntariou-se para regressar com o kayak e o condutor do mesmo para terra , deixando-me a mim e ao Sjoerd no mar, entre falias de 30 m com uma ondulação que já nos limitava alguma fuga de emergência e com as praias a 3km para cada lado.
A agua estava limpa, bem limpa, apesar do típico e profundo verde esmeralda da zona, vimos bastante peixe, mas nada de fora do normal, esta zona tem bastante peixe e não era nada de espantoso neste dia.
Como o objetivo era a criação de conteúdo estava de Go-Pro na mão e passa um pássaro grande… “olha… um ganso patola , mas é castanho….deve ser uma cria”, já tínhamos visto alguns corvos marinhos e este era o primeiro ganso. só que lembrou-se de atacar o meu colega nadador…. foi á bicada aos óculos do rapaz…..ele tinha uns zone 3 vermelhos e devem ter passado por sardinha ou algo apetitoso.
Dali até aos ilhotes ….CLARO que tínhamos de ir aos ilhotes …. pouco se foi parando, a nossa natação estava contra as ondas e a cada paragem íamos perder metros nadados, na razão de 10 a 20m por minuto….Sim… foi uma longa estafa.
Ainda tive tempo de usar aquelas quilhas do Swim Run (pois ao que parece o meu amigo de aventuras gosta de cenas assim dessas) só que não me agradou muito. Achei que me enfiava a cabeça no fundo e a minha formação de nadador despensa estes truques.
Pelo caminho as paragens foram curtas e deu para irmos comendo e bebendo algum isotónico, mas nada de muita conversa.
Por causa do período elevado das ondas, decidi não nadar junto ás paredes de rocha, caso contrário tinha sido mais engraçado , ainda assim foi uma excelente ideia.
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Ao chegar aos ilhotes do Martinhal o Sjoerd diz me naquele sotaque “semi-holandês”. – “Isto é muito bonito”….e acreditem.. um holandês é sempre direto. nada de esquemas e rodeios a suavizar. Se o homem gosta…. é porque gosta mesmo.
Estava abaixo da minha forma, e para me manter no ritmo do Sjoerd, (sendo dois gajos é sempre uma corrida….. SEMPRE) tive de dar ao braço…. no fim o Sjoerd por ser um pouco menos económico a nadar, lá desacelerou. E neste caso… pude fazer o mesmo.
ao chegar a terra depois de termos adorado os Ilhotes, dissemos….. “foi pena as ondas …. no ano que vem …. fazemos de novo!”
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